Renato Morais Analisa a Sa��de do Poker ao Vivo em Portugal
Depois do fecho do mercado online muito se tem ouvido dizer que, aumentou consideravelmente, a procura pelas mesas de poker dentro dos casinos. Quem melhor que o diretor do Poker do Casino do Estoril, Renato Morais, para nos explicar este fen��meno e o que realmente se est�� a passar.
Antes demais queria-te dar os parab��ns pelo o facto de teres sido convidado para dirigir mais um Torneio fora de Portugal, em Marrocos. Que balan?o final fazes dessa experi��ncia?
Bom, o balan?o final acaba sempre por ser positivo, mais ainda quando estamos a falar de um evento que originou a maior comitiva Portuguesa que saiu para jogar um torneio fora de Portugal. Acredito que a minha participa??o tenha ajudado a motivar ainda mais os jogadores portugueses a deslocarem-se a Marrocos para jogar este Torneio.
Os casinos Marroquinos est?o a investir muito em Poker como forma de atrair um p��blico estrangeiro, no entanto, ainda est?o numa fase muito inicial do processo.
O field ainda �� muito pouco conhecedor do jogo, para se ter uma ideia, neste torneio, a maior parte dos jogadores, praticamente n?o sabia que terminada uma m?o em que houvesse um jogador All In; todos os jogadores teriam que ir a showdown no fim da jogada.
Ou por exemplo, o jogador do bot?o, depois de ver as cartas e perceber que n?o iria a jogo, abandonava a mesa mesmo que a ac??o ainda viesse no UTG, e por muito que tentasse explicar e advertir que esta conduta n?o era correcta, eles n?o conseguiam entender. S?o jogadores tamb��m muito indisciplinados e agitados nas mesas, n?o o fazem por mal, tem a ver com a sua cultura e maneira de ser, s?o assim em todo lado. Levei 4 dealers comigo que fizeram um trabalho excepcional, o que acabou por facilitar muito as coisas.
Ainda assim, aconselho quem nunca foi, a ir, �� diferente e uma boa oportunidade de conciliar um torneio com uns dias de f��rias. O potencial para poker �� enorme naquele pa��s, tenho a certeza que dentro de pouco tempo as coisas v?o evoluir para muito melhor.
Em novembro de 2014 tinha estado em Marraquexe, e naquela cidade, o n��vel j�� �� um pouco melhor, Tanger rapidamente ir�� pelo mesmo caminho, o gosto deles pelo jogo �� impressionante. Para turismo, Marrocos tamb��m �� muito agrad��vel.
E por casa, agora que o mercado online fechou, como tens visto o panorama nacional do Poker Live nos casinos, no teu e no geral dos casinos portugueses?
�� obvio que com o fecho do mercado online a procura aumentou, mas n?o aumentou o que as pessoas acham, pelo menos no Casino Estoril. O aumento do volume no Casino Estoril foi na casa dos 15%, depois do fecho do mercado.
Somos, destacados, o casino que mensalmente tem maior numero de inscri??es em torneios de poker, estamos a ultrapassar as 2.000 inscri??es em torneios, todos os meses, e somos o casino que mais receitas gera em poker, o que obviamente me deixa feliz.
Tamb��m Espinho meteu recentemente 300 pessoas na Etapa 8 da Solverde Poker Season, como analisas esses n��meros?
Os n��meros de Espinho s?o fant��sticos, foi ali que o poker come?ou em Portugal e isso vai se fazer sentir sempre. �� claro que o facto da etapa s�� passar de 3/4 vezes por ano naquele casino faz com que a expectativa seja sempre muito alta em cada uma delas, mas realmente cada vez que h�� torneio em Espinho os n��meros s?o muito bons.
A Solverde tem a vantagem geogr��fica de poder fazer um circuito s��lido, o facto de ter v��rios casinos de norte a sul de Portugal permite-lhes isso. Terem tido durante alguns anos qualifica??es online tamb��m ajudou a consolidar esse circuito.
E o Casino Estoril, quando vai voltar a ter um circuito?
Todos me perguntam isso, acho que 2016 �� o ano ideal. Para al��m da programa??o semanal regular, que tem batido todos os recordes, acho que j�� tenho condi??es para retomar um circuito, talvez bimestral, e vou investir muito nele.
Este ano que est�� a decorrer, aceitei hospedar alguns circuitos de fora, circuitos sem grande express?o e que me tiraram margem para fazer torneios internos de maior valor, fazendo com que os torneios mais caros jogados no Estoril fossem de menor qualidade do que os que regularmente vou oferecendo por pre?os inferiores.
No pr��ximo ano, torneios de fora, s�� se representarem uma real mais valia, caso contr��rio, n?o v��m. Vou investir num circuito nosso.
Acabaste de reconhecer que ficas impressionado com os n��meros cada vez que h�� torneio em Espinho, como v��s o facto da ades?o aos torneios do casino da P��voa estarem abaixo das expectativas, visto serem casinos geograficamente t?o pr��ximos?
Realmente custa-me a entender, achei que o facto de ter sido o primeiro Casino em Portugal a criar condi??es de raiz para o poker, atrav��s de investimento numa sala pr��pria e com uma estrutura independente de todo o resto do casino, aliado �� parceria que fizeram com a Pokerpt, viesse a fazer a diferen?a. Mas estranhamente isso n?o se tem verificado, e realmente os torneios em Espinho, aparentemente, quase que n?o sofreram diminui??o na aflu��ncia com a concorr��ncia da P��voa.
Depois dos torneios regulares do Casino da P��voa parecerem n?o terem vingado at�� Julho, apareceu o projecto ��Live the Dream��. O que achas desta op??o, tendo em conta que o ��ltimo step acabou com um torneio de apenas 7 jogadores?
A ideia na teoria parecia boa, comunica bem e parece apelativa. No entanto, do que conhe?o do mercado, dificilmente algu��m investe numa s��rie de torneios para depois ver um ��nico jogador recompensado com uma ida a um EPT. Tudo o que �� sat��lites tem que ser feito com boas probabilidades de qualifica??o, caso contr��rio os jogadores desmotivam-se. Os n��meros desta ��ltima qualifica??o foram muito fracos, acabando com um torneio de 7 jogadores no ��ltimo Step, isto retira expectativas aos jogadores e a tend��ncia n?o ser�� melhorar. Pensa nisto, foram realizados 8 torneios e s�� um jogador foi premiado, n?o faz sentido. O objetivo dos torneios dentro de um casino tem que passar por recompensar sempre o maior n��mero de jogadores, de maneira a os manter dentro do jogo.
Depois dos torneios n?o terem resultado como se esperava, esta sala virou-se para os jogos de cash e segundo vamos lendo nas redes sociais, consegue abrir v��rias mesas por noite, embora quase todas de limites mais baixos (�0.5/�1) do que os ��normais�� nos casinos em Portugal. Como analisas esta estrat��gia?
Daquilo que sei, aquele Casino, estabeleceu uma parceria para dinamiza??o de uma Poker Room com a Pokerpt. Obviamente que esta parceria era focada essencialmente para aumentar o n��mero de entradas no Casino atrav��s de torneios de Poker, pois os torneios s?o o ADN da Pokerpt. No entanto, as coisas n?o resultaram como se esperava, e astutamente tiveram de virar-se para o cash, atrav��s de uma oferta muito baixa que mais nenhum casino em Portugal oferece, fazendo com que fiquemos sem elementos de compara??o.
H�� uns 3 anos atr��s disponibilizei, no Casino Estoril, um fim de semana destes limites, como forma de promo??o, e �� claro que foi uma loucura em termos de ades?o.
Nestas mesas, o casino, cobra ao jogador �5/hora, o que faz com que s�� possa ter uma rentabilidade de �50/hora antes de descontado o imposto de jogo, tornando a sua explora??o de sustentabilidade imposs��vel, na vertente do Casino.
Por outro lado, na vertente do jogador, tamb��m �� preciso ter muito cuidado com este tipo de explora??o. Para entrar numa mesas destas, o jogador, s�� o pode fazer com um m��nimo de �40 e um m��ximo de �100, ou seja 100 BBs, logo, se jogar 5/6 horas por dia, pagar�� ao casino �30 de rake. Todos sabem que �� imposs��vel bater este rake e rapidamente a liquidez dos jogadores que jogam nestas condi??es poder�� estar comprometida.
Os jogos de cash s?o muito perigosos e delicados, t��m que ser geridos com muita intelig��ncia e responsabilidade, e esse conhecimento s�� se adquire com a experi��ncia.
H�� 5 anos atr��s, no Casino Estoril, organizava uma partida de High Stakes, uma ou duas vezes por m��s, neste momento n?o o fa?o, por saber que poderia estar a colocar em risco o ��ecossistema��. �� priorit��rio manter a liquidez saud��vel.
Os torneios �� que t��m que servir de ancora para atrair jogadores em massa ao casino, n?o jogos de cash de micro-limites.
Ao fim de 8 anos de Poker em Portugal, como v��s o facto de todos os casinos j�� terem aceite o poker sem constrangimentos?
�� ��ptimo, principalmente este projecto do Casino da P��voa, com uma sala, estrutura e investimento dedicado exclusivamente para o poker. Mais vale tarde do que nunca, s�� �� pena que tenha passado ao lado dos melhores anos de Poker em Portugal, quando o fen��meno explodiu e quando a liquidez dos jogadores de Poker era muito maior.
Mas �� bom ver que determinados gestores de casino h�� 6 anos pensavam de uma forma e agora mudaram a sua opini?o. Eu no Casino Estoril, para conseguir que o poker atingisse o status que atingiu no panorama nacional, tive que ultrapassar muitas resist��ncias internas e tudo foi alcan?ado de um forma gradual e com passos muito bem sustentados.
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